A jovem paraibana Karol Ferreira – digital influencer para ela e alguns outros – nas últimas horas tem sido palco de comentários em grupos de mensagens e no famoso boca a boca por causa de declarações sobre o Amazonas.
A bela moça aparece num vídeo depreciando as características e costumes dos amazonenses. Karol chamou de “índios” quem mora lá, afirmando que não há “muita perspectiva de crescer”, pois, nas palavras dela, “são meio acomodados”. Achando pouco, acrescenta: “A qualidade de vida aqui não é boa, como a do Nordeste, sabe? É caro e é um pouco meio atrasado perante as coisas que a gente vê aí”.
O nome índio não se usa. É pejorativo. Povos originários ou indígenas, está bem? Sua fala foi carregada de xenofobia, e diferentemente do que muitos podem pensar, a xenofobia não é apenas aversão a pessoas de outros países ou regiões, mas de outras culturas, subculturas, e por aí vai. Não sabemos se o que ela disse foi intencional, no entanto traz desdém a quem lhe acolhe.
Por ignorância, Karol desconhece que o estado é rico em várias vertentes. Nele encontramos personalidades fortes e importantes como o poeta Thiago de Mello. Como não lembrar o saudoso sindicalista e ativista político Chico Mendes? Além disso, o Amazonas possui o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o 3.º maior PIB per capita entre todos os estados da região Norte. Isso é pouco?
E não posso esquecer do Festival Folclórico de Parintins, nome da cidade na qual ela visitou (ou visita), segundo notícias de portais. Eu poderia escrever linhas e linhas acerca deste local – que embora eu não o conheça pessoalmente – sei de algumas coisas e procuro estudar – algo diferente da minha conterrânea nordestina.
Me lembrei agora de uma frase proferida por um jesuíta: “Fala, se queres que te conheça”. Nos revelamos de todas as maneiras, sobretudo quando abrimos a boca, e não como nos vestimos, muito menos pelas roupas de grife e tampouco pelos seguidores nas redes sociais.
Diante de seu vômito de visão de mundo, torna-se inaceitável não reagir.
Por fim e não menos importante, a postura da blogueira traduz a rastaquera sociedade contemporânea. Se outrora a burguesia foi sinônimo de boa educação, elevados costumes e erudição aflorada, hoje a elite odeia cultura e fala bobagens que nem mesmo entende.
Karol Ferreira deve urgentemente pedir desculpas ao povo amazonense.
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